Bill Gates alerta para desastre na saúde: "Não é tarde demais para voltar atrás"

O fundador da Microsoft , Bill Gates, criticou os cortes massivos do governo Trump na ajuda externa dos EUA, dizendo que eles terão consequências "catastróficas e totalmente evitáveis" para os programas globais de saúde.

Gates, que já vinha criticando os cortes na ajuda há algum tempo, mencionou a situação dramática de um médico na África. O médico, observando que a clínica, que recebe apoio do PEPFAR (Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da AIDS) dos EUA, está prestes a fechar, disse: "Nossos tratamentos para HIV, que salvam vidas em crianças, acabarão em poucas semanas." Ele acrescentou:

“E esse problema não se limita apenas à nossa clínica.”

Os alertas de Gates surgem após a decisão do governo Trump de cortar a ajuda externa e fechar agências como a USAID, uma decisão supostamente influenciada por Elon Musk e uma nova agência dentro do governo federal chamada DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), que recebeu autoridade para cortar custos.

“Os efeitos devastadores dessas interrupções são completamente evitáveis, e não é tarde demais para voltar atrás”, disse Gates em uma publicação em sua conta no X (antigo Twitter).

5 MILHÕES DE CRIANÇAS SOBREVIVERAM

Em um vídeo que acompanha a publicação do X, Gates observou que, graças à ajuda global dos EUA para a vacinação, as mortes infantis caíram de 10 milhões para menos de 5 milhões por ano. Ele enfatizou que a retirada do apoio da Gavi (Aliança para Vacinas) pelo governo Trump significaria "um milhão de mortes adicionais".

“Espero que continuemos a ser generosos o suficiente para manter essas pessoas vivas”, concluiu o bilionário.

ELE HAVIA AVISADO ANTES

Este não é, contudo, o primeiro alerta de Bill Gates. Em uma publicação no X no início de julho, ele destacou um estudo publicado na revista médica The Lancet que examina o impacto dos cortes na ajuda humanitária dos EUA. Segundo o estudo, se os cortes atuais continuarem, o número de crianças morrendo antes dos cinco anos aumentará em 8 milhões até 2040.

Ao compartilhar esses dados, Gates disse: “Os fatos são simples e devastadores: os cortes na ajuda já custaram vidas, e as mortes continuarão a aumentar”.

Críticas severas a Elon Musk

Em uma entrevista ao Financial Times em maio, Gates criticou abertamente Musk, a quem ele vê como o arquiteto dessas políticas.

"Não é uma imagem bonita que o homem mais rico do mundo esteja matando as crianças mais pobres do mundo", disse o bilionário, acrescentando que Musk pode se tornar um grande filantropo no futuro, mas "por enquanto, o homem mais rico do mundo está desempenhando um papel nas mortes das crianças mais pobres do mundo".